PESQUISAS

GRUPO ERNESTO BOZZANO DE PESQUISA EXPERIMENTAL

Introdução


Entre os anos de 2005 e 2006, o Grupo Espírita Vinha de Luz sediou, em suas dependências, uma pequena equipe formada por estudiosos dos fenômenos físicos, com o objetivo de produzir e compreender a dinâmica das manifestações objetivas, produzidas por espíritos. A atividade deste grupo rendeu pelo menos 41 atas, registradas pelo grupo, observando a evolução das reuniões, desde considerações dadas pelos espíritos, bem como possíveis resultados alcançados. O nome de Ernesto Bozzano foi adotado, em homenagem ao incessante trabalho realizado por estes metapsiquista italiano no campo dos efeitos físicos e da sobrevivência.

Todas as atas obtidas descrevem as reuniões realizadas, divididas em parte teórica, com a discussão e leitura de texto sobre o assunto, e parte prática, onde se objetivou promover as melhores condições possíveis a permitir que os espíritos pudessem retirar ectoplasma dos presentes, e facilitar o manuseio do mesmo. Periodicamente, uma reunião extraordinária era feita, para solicitar os espíritos maiores informações e sugestões para aumentar a probabilidade da ocorrência de fenômenos físicos.

Destes, salienta-se, nenhum até o momento se considerava médium ostensivo, seja de efeitos físicos, seja de efeitos inteligentes. Havia apenas um médium sensitivo. Não obstante, alguns fenômenos foram produzidos pelo grupo.

O grupo estudou teoricamente as manifestações físicas através de livros especializados, como “Mecânica Psíquica”, escrito por William Crawford, nos Estados Unidos, no princípio do Século XX. Nele, Crawford verificou com detalhes como os espíritos conseguiam movimentar móveis como mesas e bancos. Utilizou como médium a jovem Kathleen Goligher.

O “Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec também foi estudado, no tocante à teoria das manifestações físicas. Depois, o livro “Materializações Luminosas”, escrito por R. Ranieri também auxiliou bastante na criação de um protocolo experimental para o desenvolvimento de reuniões físicas. Esse livro contém, em seus anexos, uma sugestão dos procedimentos fundamentais exigidos para o desenvolvimento saudável de uma reunião envolvendo ectoplasmias e materializações. Todos os membros obtiveram uma cópia desses procedimentos e os estudaram, a fim de confeccionar um apropriado para o Grupo Bozzano.

Posteriormente, Foi feita a aquisição do livro “O Experimento Scole”, que descreve a impressionante trajetória de um grupo espírita inglês, cujos objetivos eram muito semelhantes aos nossos, na década de 90. O grupo Scole (como se intitulavam) formado por quatro pessoas, dentre elas dois médiuns psicofônicos, iniciaram uma série de estudos e experimentações, culminando com a utilização de novas energias psíquicas na produção de fenômenos materiais, desde movimento de objetos até materializações, sem ectoplasma. O grupo foi extensivamente estudado por membros da SPR (Society for Psychical Research) britânica, destacando-se Montague Keen e David Fontana. A história do grupo Scole foi estudada, através do livro adquirido, a fim de obter informações e novas idéias de como tentar produzir fenômenos físicos. O grupo Bozzano chegou a entrar em contato com Robin Foy, participante do grupo Scole. Contato com grupos ativos de fenômenos físicos sediados na Inglaterra foi feito. Uma conversa com Dennis Spearman, presidente da Zerdin Fellowship (entidade que promove o desenvolvimento saudável dos médiuns de efeitos físicos) teve a finalidade de obter informações sobre as sessões realizadas por eles, e como poderia-se adaptá-las nas condições do Grupo Bozzano. Infelizmente, a pouca fluência em inglês não permitiu um aproveitamento melhor da conversa.

A Zerdin Fellowship então se comprometeu de enviar o primeiro periódico da entidade, onde escreve quais os procedimentos fundamentais para se obter uma sessão física. Ao se receber o boletim, todos os tópicos foram discutidos exaustivamente pelos membros do grupo Bozzano, e adaptados as condições do grupo.

Artigos escritos por parapsicólogos também foram usados, para estudar o aspecto teórico e prático das manifestações físicas. A principal fonte de artigos sobre materializações e efeitos físicos em geral foram retirados do site da ISS (International Survivalist Society) (www.survivalafterdeath.org).

Protocolo das reuniões

Um apanhado de informações foi obtida, a partir de toda a fonte bibliográfica consultada e outros livros, também consultados, mas em menor profundidade. Colocamos abaixo os requisitos adotados pelo grupo, para obter fenômenos físicos:

Escuridão absoluta – Fundamental para qualquer reunião, uma vez que o ectoplasma é bastante sensível à luz branca. A literatura descreve que o ectoplasma, quando submetido à luminosidade repentina, direciona-se imediatamente para dentro do corpo do médium, acarretando danos severos no momento da entrada, como úlceras, feridas, hemorragias, debilidade imunológica;
Jejum – O estômago deve estar em repouso, no momento da reunião. Foi-se sugerido, pelos espíritos do grupo Bozzano, que a última refeição, no dia da reunião, fosse o almoço. O jantar consistiria de apenas uma fruta, ou uma bolacha. Uma hora antes de se iniciar a reunião, se tornava totalmente proibido o consumo de qualquer coisa, inclusive água.
Repouso físico – Era necessário, para permitir que o organismo estivesse em condições de fornecer as energias e ectoplasma necessários para se produzir os fenômenos. Atividades que exigissem grande esforço intelectual deveriam ser evitadas.
Alimentação moderada – Era solicitado que não se alimentasse de carne vermelha no dia, se fosse possível.
Disciplina – As reuniões eram semanais, e pedia-se que fossem evitados, a qualquer custo, atrasos ou ausências. Se fossem absolutamente necessárias, que os membros do grupo fossem avisados. O relaxamento e imobilidade durante as reuniões era favorável para criar condições de manuseio das forças a serem utilizadas.
Duração – As reuniões propriamente ditas duravam cerca de 1h30 minutos. Os membros procuravam relaxar, no escuro absoluto, e ficavam imóveis. As atas descrevem o que cada um deles sentiu, ouviu, observou durante esses períodos.
Asseio da sala – A sala de reuniões era limpa todos os dias, antes do início das reuniões experimentais. Inseticidas eram utilizados para evitar a presença de insetos que porventura estivessem presentes, que pudesse produzir sons ou impressões confundíveis com aquelas potencialmente realizáveis pelos espíritos. Nenhum material ficava na sala, exceto as cadeiras, mesa objetos a serem movimentados pelos espíritos.
Contato com o grupo de espíritos responsável pelo trabalho – Esse contato é fundamental para que o grupo possa ser orientado nos detalhes quanto aos procedimentos a serem adotados. As instruções variam conforme o local e as pessoas envolvidas. Nosso contato com os espíritos se dava através do fenômeno da prancheta, que será detalhado adiante.
Objetos para movimentação – Eventualmente, alguma manifestação física pode acontecer, e para isso é interessante haverem objetos para os espíritos movimentarem. Podem ser bolas, brinquedos, chocalhos, etc. Mas para serem observados no escuro absoluto, é preciso que eles tenham marcas fosforescentes.

Existem outras pequenas sugestões que foram seguidas, mas que foram adaptações para as condições do grupo Bozzano. Elas não se encontravam em nenhum dos outros protocolos. Evitamos sua publicação para não influenciar outros grupos que porventura tentem realizar semelhante reunião.

Fenômenos Obtido

Por se tratar de um grupo em cujos membros não havia ninguém com aptidões físicas reconhecidas, os resultados obtidos foram bastante parcos. O grupo acredita ter eliminado mais de 95% das causas naturais conhecidas capazes de reproduzir os fenômenos observados ao longo das reuniões. Somente serão enumeradas as que foram consideradas como autênticas manifestações físicas.
Movimentação de objetos apenas com o toque das mãos (Pranchetas) – Esse tipo de fenômeno foi baseado na descrição feita por Kardec em “O Livro dos Médiuns”. Como entre os membros não haviam médiuns, com base na experiência prévia de alguns participantes, foi utilizada uma prancheta, confeccionada por uma tábua de madeira, com rodas. Os presentes tocavam suavemente o tampo da prancheta e esta, após alguns momentos, começava a deslizar. A prancheta tinha a forma de um tripé, sendo dois dos pés substituídos por rodas, e o terceiro por uma caneta. Desta forma, era possível se obter uma escrita vinda diretamente dos movimentos da prancheta (dos espíritos). A forma mais rápida para se obter as comunicações foi utilizando um alfabeto, onde a prancheta soletrava as palavras e instruções. A escrita pela prancheta foi utilizada poucas vezes, devido à ininteligibilidade da letra produzida, na maioria das vezes. Uma série de reuniões foram feitas com a prancheta, para se compreender a dinâmica funcional do movimento. Diversos pequenos testes foram realizados para se obter os movimentos da prancheta sem o contato direto dos participantes. Foi testado segurar a prancheta através de fios de metal, e construir uma estrutura de papelão sobre a prancheta, para eliminar qualquer efeito insconsciente do movimento obtido ser por causa de movimentos involuntários dos participatnes (figura 1). Depois desta fase, priorizou-se a produção independente dos fenômenos, sem auxílio da prancheta.
Sensações subjetivas – Alguns dos participantes alegaram ter sensações como formigamentos, dormência, partes do corpo que esquentam, etc. Tais sensações não foram explicadas até hoje, e a ausência dos movimentos dos presentes, durante as sessões experimentais não parece ser capaz de explicá-las a todas, satisfatoriamente.
“raps” – O fenômeno mais direto, obtido pelo grupo, alguns dias antes de sua dissolução. Alguns sons foram produzidos por vizinhos, objetos, etc. Todos estes foram identificados devidamente após a reunião. Alguns vieram dos móveis, como cadeiras e mesas. Contudo, estes apenas se produziam quando um dos participantes realizava movimentos mais bruscos com o corpo, forçando os móveis em contato consigo rangessem. Contudo, alguns permaneceram não identificáveis até hoje: um rap produzido, sobre o tampo da mesa, muito suave, muito tênue. Ele foi repetido pelo menos 3 vezes, ao longo de todo o experimento. Assemelhava-se a uma batida leve com a ponta de uma agulha, sobre a mesa de mandeira. Há relatos de outros médiuns que obtiveram uma grande variedade de raps, inclusive deste tipo.

Fim do Grupo Bozzano

A inicativa de realizar o grupo partiu de estudiosos do espiritismo, desejosos de compreender melhor a natureza das manifestações físicas, uma vez que os relatos mais detalhados datam de há pelo menos 50 anos atrás. A primeira direção se constituiu das seguintes pessoas:

Carlos Alberto – Presidente
Wilton Pontes – Vice-presidente
Wendel Pontes – Consultor científico
Deozinete Teles – participante
André Luiz Paiva – participante

Depois, por questões profissionais, Carlos Alberto mudou-se de Olinda, subindo Wilton Pontes para a presidência do grupo. Os demais permaneceram em seus respectivos cargos. Novamente, por exigência do trabalho, André Luiz Paiva precisou se ausentar. Por fim, as reuniões perduraram com apenas três membros. Quando Wendel Pontes foi afastado por motivos profissionais, o grupo se dissolveu oficialmente.
Pretende-se brevemente dispor todas as atas escritas, mostrando em detalhes cada uma das reuniões realizadas.